PRÓLOGO:
PROLONGO…
É PRA LOGO!
PRÓLOGO:
PROLONGO…
É PRA LOGO!
11/10/15
Irreverência:
Diz-se o que se quer, o que se pensa
Não pensa no que se diz nem no que pensam
De si
Sem maneiras emolduradas
Faz-se o que acha que deve
Sem olhar para os lados
Há aplausos?
Às vezes
Outras críticas atrozes
Despretensão:
Faço
Não me preocupo com o que virá
Se já veio, se foi, se será
Agrada-me ser simplesmente
Sem pretender alcançar isso
Ou se aquilo acontecer, que me surpreenda
Tudo fica mais leve
Mais fluido
Confortável… ameno.
Vi esta maravilha de banner, ontem, no Parque Lage. Uma procura bem interessante e inusitada para esses tempos modernosos. Gostei.
Talvez o poeta seja realmente a maior necessidade de nossos tempos. Falta poeta. Faltaria também a poesia? Acho que a poesia está aí, solta, diluída às vezes, concreta ou abstrata, mas sempre a velha poesia.
Assunto não falta para se fazer poesia. É envolver-se na trama do cotidiano que até coisas tristes, quando tratadas por poetas, ficam palatáveis.
Saudades dos poetas.
Sonhadores. Loucos. Distraídos. Maravilhosos.
Vão lá. No Parque Lage estão precisando de vocês.
Eu quero uma alegria,
Eu preciso de uma alegria.
Não falo de risos nem de gargalhadas
Falo de uma alegria leve, espontânea, corriqueira
Porém presente… sempre.
Uma alegria com gosto de rio perene,
De água nascente que não sabe aonde vai dar.
Águas tranquilas como no rio de antigamente
Que não se tinha medo de acabar
Quero uma alegria criança, que seja adulta
Que sorria para mim, mesmo que eu não veja motivo,
Porque a alegria não precisa ter motivo.
Quero a alegria de um sorriso maroto,
Que me inunde o ser inteiro, que me faça vibrar
De alegria.
Ivete Adavaí
(FERNANDO PESSOA)
O POETA É UM FINGIDOR.
FINGE TÃO COMPLETAMENTE
QUE CHEGA A FINGIR QUE É DOR
A DOR QUE DEVERAS SENTE.
E OS QUE LEEM O QUE ESCREVE,
NA DOR LIDA SENTEM BEM,
NÃO AS DUAS QUE ELE TEVE,
MAS SÓ A QUE ELES NÃO TÊM.
E ASSIM NAS CALHAS DE RODA
GIRA, A ENTRETER A RAZÃO,
ESSE COMBOIO DE CORDA
QUE SE CHAMA CORAÇÃO.
(VINÍCIUS DE MORAES)
DE REPENTE DO RISO FEZ-SE O PRANTO
SILENCIOSO E BRANCO COMO A BRUMA
E DAS BOCAS UNIDAS FEZ-SE A ESPUMA
E DAS MÃOS ESPALMADAS FEZ-SE O ESPANTO.
DE REPENTE DA CALMA FEZ-SE O VENTO
QUE DOS OLHOS DESFEZ A ÚLTIMA
E DA PAIXÃO FEZ-SE O PRESSENTIMENTO
E DO MOMENTO IMÓVEL FEZ-SE O DRAMA.
DE REPENTE, NÃO MAIS QUE DE REPENTE
FEZ-SE DE TRISTE O QUE SE FEZ AMANTE
E DE SOZINHO O QUE SE FEZ CONTENTE.
FEZ-SE DO AMIGO PRÓXIMO O DISTANTE
FEZ-SE DA VIDA UMA AVENTURA ERRANTE
DE REPENTE, NÃO MAIS QUE DE REPENTE.
(CECÍLIA MEIRELES)
EU CANTO PORQUE O INSTANTE EXISTE
E A MINHA VIDA ESTÁ COMPLETA.
NÃO SOU ALEGRE NEM SOU TRISTE:
SOU POETA.
IRMÃO DAS COISAS FUGIDIAS,
NÃO SINTO GOZO NEM TORMENTO.
ATRAVESSO NOITES E DIAS
NO VENTO.
SE DESMORONO OU SE EDIFICO,
SE PERMANEÇO OU ME DESFAÇO,
– NÃO SEI, NÃO SEI. NÃO SEI SE FICO
OU PASSO.
SEI QUE CANTO. E A CANÇÃO É TUDO.
TEM SANGUE ETERNO A ASA RITMADA.
E UM DIA SEI QUE ESTAREI MUDO:
– MAIS NADA.
(GUIMARÃES ROSA)
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…
Guimarães Rosa
EU E AS PEDRAS
AS PEDRAS E AS ÁGUAS… E O MUSGO…
AS ONDAS BATEM RITMICAMENTE
ACOMPANHANDO O CORAÇÃO DA TERRA
E O MEU TAMBÉM.
SEMPRE ME PERGUNTO:
COMO O TEMPO PASSOU TÃO DEPRESSA?
AINDA ONTEM EU ERA UMA MENINA
DEPOIS UMA JOVEM ADOLESCENTE,
AGORA, UMA MULHER QUE SE ENCAMINHA
PARA A IDADE DA SABEDORIA…
NO ENTANTO, EU SINTO QUE DENTRO DE MIM
ESTÃO TODAS AS PESSOAS QUE FUI E SOU…
A MENINA, A ADOLESCENTE, A JOVEM MULHER…
OS PLANOS, AS ESPERANÇAS, OS DESEJOS, AS ALEGRIAS,
AS LUTAS, O ESTRESSE, A BUSCA, O ENCONTRO,
A DECEPÇÃO, A ESPERANÇA, O QUE DEU CERTO
E O QUE PARECE NÃO TER DADO…
SOU UM MIX DE TUDO E UM POUCO DE TODOS,
EM LUGAR DISTANTE QUE JAMAIS PLETEEI CONSCIENTEMENTE.
A VIDA CONTINUA DO JEITO QUE É PRA SER…
DO JEITO QUE DÁ…
EU SIGO, VEZES CANSADA, OUTRAS ANIMADA
VENDO O MAR BATENDO NAS PEDRAS,
SENTINDO OS RESPINGOS NO MEU ROSTO
E ME DOU CONTA DE QUE EU VIM AQUI PARA ISTO:
EXPERIMENTAR UMA EXISTÊNCIA NO PLANETA AZUL.